sexta-feira, 11 de abril de 2014

Um Encontro Qualquer

Talvez um dia
Em uma rua qualquer
Nos esbarremos
Você vai olhar para mim
E não vai me reconhecer
Éramos crianças
As minhas formas mudaram,
Minha cor de cabelo mudou, e eu emagreci
Você ficou mais alto e deixou uma barba rala
Mas eu te reconheço
Como te reconheceria entre milhares de pessoas em uma multidão
O tanto que gostava de você
Era o gostar inoscente de criança
Só de ficar perto era tudo que eu queria
E hoje, com o passar dos anos
Este reencontro me levou a esta vaga lembrança
Você, com aquele mesmo sorriso sincero
Pede desculpas pelo esbarrão, pega minhas coisas no chão
Olha bem no fundo de meus olhos castanhos
Propõe que tomemos um café pelo transtorno
Aceito com receio
"Será que ele me reconheceu ou não?"
Ah dúvida
Vamos lá, arriscar é a melhor estratégia
Ficamos alguns minutos nos analisando, enquanto o pedido é feito
Você resolve quebrar o gelo
Diz que nem sabe meu nome
Fico ruborizada
Digo
Você sorri e se apresenta
Ficamos aqui por algumas horas
Falamos do tempo, do trânsito, na vida que nos trouxe a esta cidade
"E agora, será que eu digo quem eu sou?"
"Melhor não!"
Analiso você
Você me analisa
Sorrimos
Trocamos informações habituas
Nos despedimos cordialmente
Cada um para um lado
"Será que ele está me olhando?"
"Será que viro?"
Quando dou uma leve viradinha
Você vem ao meu encontro
Você abre aquele sorriso
E me diz que se lembra de uma garota de óculos e aparelhos nos dentes
Que sempre esperava ansiosa por um sorriso dele
E me beija suavemente!



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